Ritmo, memória e pertencimento no Dia Internacional da Dança

Na Bahia, dançar é mais que expressão: é resgatar raízes, celebrar o agora e construir o futuro em comunidade

Dançar é mais do que mover o corpo — é deixar a alma falar sem palavras. É sentir o chão pulsar sob os pés e transformar emoção em gesto. Na Bahia, terra onde a cultura brota com a força da natureza e o calor das pessoas, a dança é ponte entre o passado e o presente, entre o sagrado e o cotidiano.

No dia 29 de abril, quando se celebra o Dia Internacional da Dança, rendemos homenagem a essa linguagem ancestral e universal que conecta gerações e revela a essência do povo baiano. E no território onde a BAMIN constrói caminhos de desenvolvimento e pertencimento, a dança segue viva como memória, resistência e festa.

Na Bahia, cada passo tem história. O Bumba Meu Boi de Ilhéus é um exemplo pulsante disso. Uma das expressões folclóricas mais marcantes do estado, essa tradição ganhou novo fôlego com o apoio do Programa de Valorização da Cultura, que desde 2023 promove o Encontro dos Bumbas — uma celebração emocionante entre os grupos de Urucutuca e Vila Juerana, que passaram mais de 30 anos sem se apresentar juntos. Realizado em frente à Catedral de São Sebastião, o evento misturou magia e identidade com personagens como o Vaqueiro, a Rainha e a Jaraguaia, ao som de ritmos que embalam o coração. Mais do que uma celebração popular, o Bumba Meu Boi de Ilhéus representa a revitalização de um patrimônio cultural vivo — que voltou a brilhar até em rede nacional, ao ser exibido na novela Renascer, da Rede Globo.

E se há algo que embala as muitas formas de ser baiano, é o samba — que aqui se desdobra em ritmos que refletem o coração de cada comunidade. O samba de roda, tombado pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, é roda que gira e envolve, é canto que responde e convida, é corpo que dança em comunhão. O samba duro, com suas batidas que aceleram o coração, nasceu nas periferias e sacode as festas de largo com sua força contagiante. Já o samba de caboclo brota dos terreiros e rituais de matriz afro-indígena, onde cada movimento carrega memória, fé e ancestralidade.

Outro ritmo que pulsa fundo no coração baiano é o forró. Da sanfona ao triângulo, ele embala amores, saudades e alegrias, especialmente nos festejos juninos, quando cidades inteiras se vestem de cor, cheiro e tradição. Dançar forró é quase um ato de carinho coletivo, onde o compasso une o sertão ao litoral, o jovem ao ancião.

E há ainda o vigor do maculelê, que mistura dança, luta e resistência. Nascido entre os canaviais do Recôncavo Baiano, ele é a batida que ecoa a força dos que vieram antes. Com bastões ou facões, os movimentos em dupla desenham no ar a história de um povo que dançou até mesmo na dor — e transformou sofrimento em arte, luta em celebração.

Na Bahia, dançar é existir de corpo inteiro. É um jeito de contar histórias, de manter viva a chama da cultura, de celebrar quem somos. E enquanto grandes projetos como o da BAMIN constroem o futuro, é essa conexão com as raízes que nos lembra: crescer também é preservar.

 

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