No sertão baiano, Caetité se torna a primeira cidade do interior do Brasil a coletar lixo orgânico nas residências

Com apoio da BAMIN, cooperativa local coleta resíduos orgânicos de casa em casa e transforma restos de comida em adubo e renda para catadores

Em um país onde a média da coleta seletiva alcança apenas 4% dos resíduos gerados, uma cidade do sertão baiano tem mostrado que é possível ir além. No mês do Dia Mundial da Reciclagem, celebrado em 17 de maio, Caetité (BA), com cerca de 50 mil habitantes, se destaca por um modelo inovador de gestão de resíduos, com resultados concretos tanto para o meio ambiente quanto para a geração de renda.

A Coopercicli, cooperativa de catadores e catadoras da cidade,  realiza a coleta domiciliar de resíduos orgânicos, transformando restos de alimentos em adubo. A iniciativa começou como um projeto-piloto dentro do Circuito do Lixo, desenvolvido pela mineradora BAMIN, e foi ampliada em 2025 com apoio técnico da Terceiro Setor Consultoria e recursos de um edital do Ministério do Meio Ambiente.

A coleta é feita de porta em porta. Os moradores recebem baldes personalizados, instruções sobre o descarte correto e um calendário fixo de coleta. O material recolhido é levado ao pátio de compostagem, onde passa por um ciclo de 90 dias com trituração, controle de temperatura e adição de nutrientes. O resultado é um adubo orgânico vendido na feira livre local por valores acessíveis, o quilo mais barato custa R$ 2,50.

(Foto Divulgação)

Apenas em abril, foram recolhidas cerca de 10 toneladas de resíduos orgânicos. A média mensal atual chega a 30 toneladas de recicláveis secos. Com isso, a Coopercicli responde hoje por aproximadamente 20% da coleta seletiva em Caetité, índice cinco vezes superior à média nacional.

Fundada há 16 anos, a cooperativa reúne 34 cooperados e já ultrapassou a marca de 3,7 milhões de quilos de resíduos coletados. Sendo considerada a primeira do interior do Brasil a operar um sistema estruturado de coleta orgânica residencial.

Para Edilene Luiza, presidente da cooperativa, “esses projetos geram emprego, renda e ainda protegem o meio ambiente. É um modelo que pode ser replicado em muitas outras cidades”, afirma.

O sócio-fundador Paulo Trentin também destaca o valor simbólico da iniciativa. “A compostagem representa um novo sentido no nosso trabalho. Transformar o que iria poluir em algo útil é uma alegria”.

(Foto Divulgação)

Ao longo da última década, a BAMIN tem sido uma parceira constante. Foi a empresa que apoiou, em 2010, o primeiro estudo que identificou a viabilidade de uma cooperativa de reciclagem no município. Desde então, tem contribuído para a estruturação da Coopercicli, viabilizando equipamentos como caminhão-baú, prensas, elevadores de carga e máquinas para compostagem, com recursos próprios e via editais públicos.

“A Coopercicli é um exemplo de como parcerias locais podem gerar soluções sustentáveis e duradouras. Nosso compromisso sempre foi apoiar iniciativas baseadas na realidade da comunidade, promovendo inclusão produtiva e gestão eficiente dos resíduos”, afirma Marcelo Dultra, gerente geral de sustentabilidade da BAMIN.

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