Irmã Dulce: a maternidade que nasce do amor

Nascida em Salvador, em 1914, Maria Rita de Sousa Brito Lopes escolheu amar incondicionalmente todos aqueles que o mundo rejeitava. Sem filhos biológicos, tornou-se a mãe de milhares — dos doentes, dos pobres, dos esquecidos. Por sua dedicação incansável aos mais vulneráveis, recebeu o carinhoso apelido de “O anjo bom da Bahia”.

Ainda na adolescência, aos 13 anos, Irmã Dulce já se dedicava a acolher os desamparados das ruas de Salvador — um gesto precoce que revelava a profundidade de sua vocação. Ao longo da vida como freira, realizou inúmeras ações voltadas a quem mais precisava. Em 1939, criou o Círculo Operário da Bahia, oferecendo apoio a trabalhadores com serviços como assistência social, qualificação profissional e orientação jurídica. Em 1959, após uma década de incansável luta pela criação de um abrigo para os doentes, fundou as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), nascidas de um gesto simples: transformar um galinheiro, ao lado do convento, em um refúgio para 70 enfermos que não tinham onde ficar.

Fundava-se assim, entre paredes improvisadas no Largo de Roma, em Salvador, o que nos dias de hoje se tornaria um dos maiores complexos de saúde gratuitos do país, realizando anualmente mais de seis milhões de procedimentos e acolhendo com dignidade quem mais precisa. A estrutura atualmente abriga mais de 20 núcleos de atendimento, oferecendo assistência médica, reabilitação, apoio social, formação educacional e pesquisa científica. Um local onde pessoas de todas as idades encontram tratamento, acolhimento e esperança. Cada profissional, voluntário e paciente que por ali passa carrega um pouco do amor de Irmã Dulce — uma maternidade que se perpetua em cada gesto.

Ela faleceu em 1992. Virou santa católica em 2019. Em vida, enxergava filhos em cada rosto sofrido e estendia as mãos como quem embala, protege e sustenta. Por meio de suas obras, foi — e permanece sendo — a mãe dos baianos e dos que mais precisavam.

Neste Dia das Mães, homenageamos pessoas que moldam vidas não apenas pelo ventre, mas pela alma. E entre os maiores exemplos dessa maternidade que transcende laços de sangue, está Irmã Dulce — a Santa Dulce dos Pobres.

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